Toda solidariedade aos 26 presxs políticos em São Paulo

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O Mutirão de Luta dxs de baixo vem a público manifestar o rechaço a escalada de repressão que o governo Temer vem realizando. No último ato contra o impedimento da Dilma, um grupo de 26 pessoas foram presas sem motivo algum.

Há algum tempo que a [farsa da] democracia vem produzindo presxs políticos em série, pra não dizer do extermínio da população negra e periférica. Nas jornadas de Junho de 2013 não foi diferente, o então governo Dilma, em conlúio com a classe dominante e seus ventrílocos de plantão, não titubeou em usar da força para conter os atos que conseguiram derrubar a tarifa. Do mesmo modo que estimulou a repressão e a prisão dxs lutadores, como aconteceu com o Vicente no Rio Grande do SUl, também desapareceu com muitxs companheirxs, o caso Amarildo no Rio está aí para provar.

A prisão de ontém, 4 de setembro, de 26 jovens que se preparavam para participar de uma manifestação em São Paulo, evidencia a repressão estatal que desde sempre impede a população de lutar por condições dignas de vida. Não foi à toa que o governo Lula encabeçou o golpe de estado no Haiti em 2004: ao “liderar” as tropas da OTAN (Organização do Tratato do Atlântico Norte), o governo brasileiro almejava adquirir tecnologia para controlar as populações que moram nas favelas e quebradas. Sob a tutela do império estadunidense e das técnicas de constra insurgência de Israel (produzidas a partir dos experimentos na Palestina), os milicos brasileiros foram treinados em campo de combate. Com este estes procedimentos de inteligência, o Estado brasileiro, então chefiado por Lula (agora “inimigo” do atual governo), implementou as Unidades de Polícia Pacificadora que, ao invés de pacificar, incendiaram as favelas do Rio de Janeiro, produzindo um grande êxodo populacional, uma vez que substituiram o tráfico local (moradores com fortes vínculos afetivos na favela) por paramilitares, que apenas tem legitimidade pelo terror que impõem a todxs moradores.

Como toda tecnologia exige uma adequação das regras de funcionamento da sociedade na qual são inseridas, o governo Dilma, em março 2016, aprovou a lei “Anti-terrorismo” que tipifica e transforma a ação política em crime de terrorismo. Com base neste novo artifício jurídico, o Estado pode prender, torturar, sequestrar, atuar fora da lei para “garantir” a ordem e a própria “lei”. Não nos enganemos, compas. O TERRORISMO DE ESTADO pode mudar de cara, pode mudar de nome, mas continua sendo terror, e o seu principal inimigo é o povo, principalmente se estiver organizado, forte.

Não podemos esquecer que os 26 foram presos em frente do Centro Culutral de São Paulo, antigo DOPS, um dos maiores símbolos de repressão e arbitrariedade do Estado. Inúmeros companheirxs foram torturados e morto neste centro de tortura, que até hoje faz suas vítimas.

A solidariedade para nós não é uma mera palavra escrita.

Se nos toca a um, nos tocam a todxs!

Todo poder para o povo!

Arriba lxs que luchan!

Venceremos!

Nota de apoio às ocupações das Fábricas de Cultura

¿ESCUCHARON?
Es el sonido de su mundo derrumbándose.
Es el del nuestro resurgiendo.
El día que fue el día, era noche.
Y noche será el día que será el día.

Após 18 anos do levantamento ocorrido em Chiapas, mais de 40 mil zapatistas tomaram novamente as cabeceiras das cidades que foram palco do enfrentamento armado. Mas, diferente do passado, em 21 de dezembro de 2012, data em que termina [e recomeça] o calendário maia, as cidades foram tomadas em silêncio por uma marcha que se pode escutar em muitos rincões do mundo.

No Brasil, não foi diferente. Depois de anos de governos de conciliação de classes, de um a “abertura política” lenta e gradual que nunca se realiza, do oportunismo da classe política e de freios impostos pelos de cima, mas colocados pelos que vieram de baixo, seis meses após o segundo levantamento zapatista, o som da derrubada do mundo dos de cima pôde ser escutado por centenas de milhares de pessoas no Brasil. Das quebradas para o centro, do centro às quebradas, foi organizada a maior revolta popular que o Brasil já protagonizou. Anos de desespero e sofrimento foram produzindo um espírito de revolta e de raiva que serviram de fermento para as lutas nas ruas contra o roubo diário que o povo pobre, negro e periférico sofre nas catracas da cidade.

Não é de hoje que os ônibus se parecem aos navios negreiros, não é de hoje que temos que ir e voltar empinhocados num transito infernal, não é de hoje que acordamos antes da cidade para chegar no trabalho. Não é de hoje que nossa revolta se expressou no levantamento de massas. Nossos antepassados, os/as quilombolas, já nos ensinaram que a nossa existência depende da nossa resistência, nos ensinaram que a nossa vitória depende da nossa convicção, da nossa força, que não se vende nem se rende.

Os últimos dias de 2012 marcaram a luta dxs de baixo. Foi um marco para uma geração que não acredita mais nas “grandes políticas”, nas “grandes Histórias”, numa geração que aprendeu que a ação direta, a organização dos(as) de baixo, a horizontalidade, a autogestão são poderosos fermentos das lutas, também aprendemos, com Zapata, que um povo forte não precisa de líderes. A liderança é um valor que a burguesia e os poderosos querem introjetar em nós, pois causa disputa e inimizade entre os/as de baixo, torna frágeis as relações porque passamos a acreditar que o problema é o outro que está do nosso lado. Por meio dos valores dos de cima, não nos reconhecemos em baixo. Apenas aprendemos a olhar pelos olhos dos poderosos, a desvalorizar nossos semelhantes. Mas nem sempre nossas lágrimas são de tristeza, hoje, mais do que nunca, nossas lágrimas são de raiva e esperança, de que no futuro, nosso mundo terá bases sólidas para derrubar os muros que sustentam os poderosos.

Dois anos depois, 2015, um novo levantamento protagonizado pela mesma geração que preferiu às ruas do que os gabinetes, que preferiu as lutas do que as negociações e conciliações. Um novo levantamento, agora organizado na sua maioria pelos estudantes pobres, periféricos e negros, que colocou mais uma vez o Estado e seus ventríloquos de plantão de joelhos, tiveram que voltar atras, “suspenderam” o projeto de reorganizar as escolas públicas. Mas sabemos que os poderosos sempre mostram a cara para esconder suas palavras, assim que as promessas de suspensão (como de praxe) não foram cumpridas, apenas serviu para desmobilizar as/os estudantes. Isso porque há ainda hoje inúmeros colaboradores do regime que apenas esperam uma ordem para tentar acabar com a luta do povo.

Os frutos destas lutas estão florescendo. Poucos meses depois, meninos e meninas de 12 a 17 anos, acompanhando o grande número de demissões de arte-educadores por evidentes motivos políticos, cansados das mentiras e falsas promessas, da burocracia burguesa que limita o que podem ou não acessar dentro dos equipamentos de cultura e dos desvios de verba, decidiram ocupar as fábricas de cultura. A ação direta, a horizontalidade, a combatividade e a autogestão são marcas desta nova geração de lutadoras e lutadores, resgatando práticas que são parte da nossa história de resistência, dos/as de baixo.

Neste fim de semana, o Estado conseguiu despejar a última fábrica de cultura ocupada pelos meninos e meninas do capão redondo. Na noite de sábado, como respostas, foi ocupada a Casa das Rosas, museu paulistano administrado pela Poiésis, empresa que também administra as fábricas de cultura. Apesar dxs desocupações, sabemos que a luta continua.

Toda força pra quem luta, todo apoio as ocupações das Fábricas de Cultura!