Carta de apresentação

MUTIRÃO DE LUTA DXS DE BAIXO

“Organizar os/as de baixo para derrubar os/as de
cima”

MUTIRÃO de Luta dxs de Baixo é uma Tendência (organização político-social) que busca reunir militantes de movimentos sociais que tenham concordância com determinados princípios e acordos práticos (estratégias de luta), como por exemplo, ação direta, autogestão, federalismo e horizontalidade, feminismo, quilombismo dxs de baixo, apoio mútuo/mutirão. Nossa organização se encontra num nível intermediário entre o político (organizações políticas que possuem uma ideologia) e o social (espaço que aglutina todas as pessoas que lutam por uma mesma causa, como por ex, movimentos por terra, transporte, moradia, etc).

As nossas estratégias de luta  nos ajudam a construir uma prática comum à Tendência para agir dentro dos movimentos populares (sindical, estudantil, reforma agrária, moradia) ou para contribuir na criação quando eles não existem. Tudo isso pois entendemos que os movimentos sociais não são combativos e revolucionários por natureza, podem tender tanto para a ruptura como para o pacto social. Assim, a nossa intervenção visa influenciar organicamente nossos espaços de militância para que através do acúmulo de força social, os movimentos populares tenham como horizonte a ruptura com o sistema capitalista.

O intuito de uma organização em nível intermediário é que ela tenha abertura para companheiras/os de diferentes ideologias do campo da esquerda, contanto que estejam de acordo com o programa pelo qual se luta e com nosso método de ação. Acreditamos na luta permanente com o objetivo de fazer avançar a organização popular, embrião da construção do socialismo libertário.

Porque Mutirão de Luta?
 Mutirão, palavra que vem do Tupi Mõ – Tirõ (fazer junto). Palavra utilizada no português do Brasil para nomear as mobilizações coletivas populares que se organizam em torno de um objetivo comum. O mutirão tem como base a ajuda mútua e a solidariedade,  em seu uso mais comum é uma expressão usada para denominar, por exemplo, o trabalho no campo ou na construção civil de casas populares, em que os frutos dos resultados todos que participam são beneficiários.

FAZER JUNTOS. Mobilização coletiva. Ausência de hierarquias. Solidariedade. Se para alguns são apenas palavras, para nós, são práticas cotidianas de resistência que garantem a nossa sobrevivência. Práticas que construíram e ainda constroem um mundo novo no campo e na cidade, seja no silêncio da noite ou nas sombras das cidades iluminadas.

Para fazer um mutirão é preciso trabalho coletivo, auto-disciplina, recriação de um outro espaço através da união de camaradas de luta, de garra e de brasa. Não é por acaso que a palavra MUTIRÃO sempre se refere ao trabalho organizado de maneira coletiva, horizontal e solidária. Seja no campo ou na cidade, nos becos e vielas, nas escolas e nas universidades, devemos construir espaços em que os/as de baixo sejam protagonistas da sua própria luta para que dessa maneira posssamos combater os rituais de dominação que produzem comportamentos de sujeição e obediência. Só fazendo juntos construiremos novas relações sociais, incorporando nas nossas práticas cotidianas valores que privilegiem a solidariedade em detrimento da competição, a horizontalidade no lugar da hierarquia e a construção coletiva no lugar da construção individual, pois, como dizia Zapata, “um povo forte não precisa de lideres”.

Quem são as/os de baixo?

Como dizem as/os zapatistas, os homens e mulheres de milho podem ser de muitas cores, amarelos, vermelhos, roxos, azuis, negros… mas nunca saberemos ao certo, porque xs de baixo não tem rostos. Somos professores(as), trabalhadores(as), estudantes, desempregados(as), sem teto, sem terra, (i)migrantes, caipiras, sertanejos, indígenas, pretas(os), travestis. Temos inúmeras identidades e diferenças, mas nos reconhecemos em baixo, pois lutamos para destruir as relações sociais que permitem que alguns vivam em cima às custas do nosso sofrimento e exploração.
   
Por isso, os(as) de baixo também afirmam que há outro mundo que luta e resiste para continuar existindo. Um mundo que se constrói desde baixo e à esquerda, que possui outros valores, práticas e calendários (outro tempo). Precisamos nos organizar e lutar para construir a força social necessária para romper as prisões do sistema capitalista e colocar em funcionamento práticas de libertação produzidas na luta, além de fortalecer aquelas que já estão funcionando. Estas práticas precisam estar amarradas fio a fio com nossos princípios de autogestão, solidariedade e apoio mútuo (mutirão), horizontalidade entre as de baixo e a ação direta em todos os níveis, feminismo e o quilombismo dxs de baixo. Pois essas ações imediatas também apontam para o futuro que projetamos na construção de uma sociedade livre da dominação e da exploração (Socialismo Libertário). Portanto, acreditamos que o sujeito da mudança não está dado, mas precisa ser construído por nós e nossas organizações no processo [cotidiano] de luta dxs de baixo.